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REGISTROS HISTÓRICOS

Mini – Mini Biografia

Por Oswaldo Vecchione Junior / Oswaldo Rock Vecchione / O. vecchione

1ª PARTE

 

Com 53 anos de carreira, completados agora em 2020, a banda MADE IN BRAZIL tornou-se uma lenda viva do Rock‘n’Roll & Blues brasileiro!

 

ANOS 50 – DESCOBRINDO O ROCK   

 

                 É absolutamente impossível falar em Rock brasileiro sem que o MADE IN BRAZIL não seja lembrado afinal, a troupe liderada por Oswaldo Vecchione contribui há 53 anos com a mais autêntica de todas as facções do Rock: o bom, velho e irresistível Rock ‘n’ Roll, sem nunca deixar de lado o Blues.

 

               Os irmãos Vecchione, Oswaldo e Celso, moravam na Pompéia, bairro de classe média na zona oeste de São Paulo e “Meca” dos roqueiros paulistas. A Pompéia foi pioneira no Rock, pois, foi lá que surgiu um dos primeiros conjuntos de Rock de São Paulo e do Brasil, os The Rebels. Também na Pompéia os amigos e irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias fundaram “Os Mutantes”, juntamente com Rita Lee, que depois viria a formar o “Tutti Fruti”, com Luiz Carlini e outros músicos do bairro. Mais recentemente, André Christóvam manteve a tradição do bairro em gerar sempre grandes feras, músicos e bandas de Rock e Blues.

              

              Foi morando na Pompéia, com nossos pais, que nós, eu e meu mano Celso (irmãos Vecchione), ainda crianças, descobrimos o Rock e o Blues nos anos cinqüenta, mais precisamente em 1956 ouvindo rádio e, a partir daí, “piramos” e começamos a comprar e colecionar discos de 78 rotações de Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Little Richards e, em especial, do conjunto “Bill Haley and His Comets”, que vieram ao Brasil no ano de 1958 fazer algumas apresentações. Foi assistindo a um desses shows, televisionados pela TV Record (SP), que nós tomamos a mais importante decisão de nossas vidas: aprender a tocar, viver de musica e formar uma banda prá tocar Rock ‘n’ Roll!

 

ANOS 60 O INÍCIO NA POMPÉIA

 

              Entretanto, até conseguirmos os violões elétricos que tanto queríamos, (nem sabíamos que o instrumento que Bill Harley tocou chamava-se guitarra (acústica), pensamos que era um violão elétrico) muita água rolou pelo  Rio Tietê.

              

              Eu e meu mano começamos a freqüentar o Clube da Esquina, sede social da Sociedade Esportiva Palmeiras. Logo estávamos praticando esportes por diversão. Basquete, futebol de salão e natação por recreação e, junto a isso, passamos a integrar o time do clube de Hóquei sobre patins. Em 1966, meu irmão quebrou a perna em um treino de Hóquei no Clube e ficou 45 dias impossibilitado de sair de casa. Nossa mãe querida, Dona Marina (que Deus a tenha e guarde ao seu lado), comprou e deu de presente para ele um violão. Meu irmão resolveu estudar música e aprender a tocar numa escola. Conseguiu agüentar por volta de três aulas pois o professor queria ensinar apenas Bossa Nova e uns sambinhas sem vergonhas.

                   É lógico que não deu pedal!

             Mas a salvação da lavoura logo surge no horizonte. Meu mano fez amizade com dois guitarristas da Pompéia, o “Bororó” e o “Pataca”, e começa a receber uns toques e dicas. Num breve espaço de tempo, já estava tocando com os dois. O que ele aprendeu, foi me ensinando. O processo de aprendizagem se acelera com mais dicas e conselhos de outro amigo e vizinho, Sérgio Dias dos Mutantes, que já era nessa época um mestre na guitarra.

               Nesse mesmo ano arquitetamos um plano meio sórdido e conseguimos concretizar. Ao invés de pagarmos as mensalidades do Colégio que nosso pai, Oswaldo (R.I.P.), tinha pedido para que pagássemos, usamos sem ele saber o dinheiro para comprar um amplificador de guitarra feito pelo Claudio Cesar, irmão mais velho de Sérgio e Arnaldo (Mutantes), e uma guitarra “Rei” semi acústica, de segunda mão, de um amigo do Bororo.  Resultado, quase fomos expulsos de casa quando nosso pai descobriu nosso segredo. Ele ficou “P” da vida, porque gastamos a grana da escola em futilidades (segundo ele), com a guitarra e o amplificador.

 

                  Nessa época, o Rock solado, sem vocal, como os conjuntos musicais gringos The Ventures, The Shadows, Duany Eddy e outros, estava começando a cansar e já não causava tanto furor como um ou dois anos antes. De repente, na Europa, o Rock se renova de uma maneira assustadora e muito forte. Surgiu um novo movimento, na Inglaterra, que rapidamente se espalha pelas rádios e TVs dos Estados Unidos e outros países, no mundo todo. Era o início da invasão inglesa, com os a liderança dos grupos musicais The Beatles, The Rolling Stones e muitas outras bandas dando uma roupagem nova às músicas de Chuck Berry, Little Richard, Jerry Lee Lewis, Buddy Holly, entre outros.

            Nessa época, meu mano já arriscava alguns solos e já estava ficando bom. Já estava até tocando e ensaiando em um grupo de Rock, “Eduardo e seus Menestréis”, no bairro do Jabaquara.  Eu, do meu lado, já sabia tocar a guitarra ritmo (as bases) de algumas musicas. Já estava arranhando na guitarra que nos tínhamos comprado. Nós dois tomamos coragem e resolvemos dar o pontapé inicial para formarmos nosso conjunto de Rock. Lembramos que conhecíamos alguns amigos de escola que sabiam tocar e tinha instrumentos. Convidamos para ouvir uns discos e conversar e convidamos dois deles. Para a bateria chamamos Celso Nascimento “Cebolinha”, que havia estudado no ginásio comigo e que possuía uma bateria (coisa rara na época) e, para os vocais, convidamos Cornélio de Aguiar Neto (amigo de classe no Colégio Oswaldo Cruz). Por indicação de amigos, chamamos o Albert Seid, que também estudava no colégio Oswaldo Cruz, para assumir o Contra Baixo.

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1967 - 1ª Formação

                   Vendo que estávamos progredindo rapidamente e que estávamos realmente levando a coisa à sério, nosso pai resolveu dar uma força e, para nos incentivar, comprou dois amplificadores. Um para guitarra e outro para contra baixo. Dois amplificadores profissionais!   

 

A PRIMEIRA MÚSICA, O PRIMEIRO ENSAIO

 

                   Em 1967, no primeiro ensaio oficial do MADE IN BRAZIL, tivemos a inestimável colaboração de Serginho (Mutantes), que veio organizar e passar umas noções gerais de como estruturar um ensaio. Aí o negócio ficou sério! O Serginho, trouxe sua guitarra, tocou com a banda e fez os solos. Meu irmão Celso não pode estar presente, estava em reunião com o pessoal do grupo “Eduardo e seus Menestréis”, despedindo-se e saindo do grupo.

 

                   A primeira música ensaiada foi “Wild Thing”, do grupo inglês “The Troggs”. Estiveram presentes neste ensaio, Oswaldo (guitarra ritmo), Celso “Cebolinha” (bateria), Albert Seid (baixo), Cornélio (vocal) e Serginho (guitarra solo).

                    No dia seguinte, no 2º ensaio, o MADE pode contar com meu mano Celso na guitarra solo.

 

                    A banda estava completa e dando seus primeiros passos do que seria uma longa carreira!

 

                Arnaldo Baptista também deu sua contribuição para a banda ajudando o Cornélio a tirar várias letras ouvindo os discos com as músicas que a banda iria ensaiar. O MADE IN BRAZIL retribuía a gentileza cedendo nossos amplificadores de guitarra e contra baixo para Os Mutantes usarem em shows.

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1967 - 1ª Sessão de Fotos

             A partir desses dois primeiros ensaios, o grupo começou a ensaiar um repertório com músicas de seus ídolos: The Animals, Ray Charles, The Who, The Kinks, The Dave Clark Five, The Rolling Stones, etc.

 

       Esse primeiro repertório foi estruturado com, aproximadamente, 60 músicas ensaiadas. O repertório era formado basicamente por alguns Blues tradicionais, muitos Rhythm ‘n’ Blues e, principalmente, Rock‘n’Roll.

             Antes da primeira apresentação, o Cornelius estava dando umas mancadas, atrasando nos ensaios e, às vezes, até não aparecendo. A verdade é que ele era muito tímido. Eu e os músicos começamos a cobrar uma postura e um desempenho mais forte e enérgico, compatível com as músicas e o barulho que estávamos fazendo naquele momento. Depois de algum tempo, eu, o mano Celso e o “Cebolinha”, meio que de saco cheio, resolvemos fazer algumas modificações no grupo. Convidamos um outro amigo de colégio para assumir o lugar de Cornélio e o vocal principal da banda.

 

               Quem aceitou o desafio foi outro músico da Pompéia, José Antônio Binda, também conhecido e amigo do ginásio. Todos nós, daquela formação (eu, o mano, Cebolinha e o Binda) tínhamos estudado juntos, cursando o ginásio no Liceu Tiradentes, uma escola do bairro da Pompeia. O Binda, além de cantar bem, tinha uma dicção e pronúncia do inglês perfeita, tocava baixo e guitarra solo. Com a entrada do Binda na banda, Albert saiu. Nos ensaios, nessa nova formação, meu irmão Celso e Binda se revezavam na guitarra solo e no baixo.

 

                    Era uma banda de garotos, focados no Rock!

 

                   Ensaiamos muito, nos dedicamos muito, e depois de algum tempo, a banda estava pronta para estrear. Ensaiávamos nos fins de semana, sempre no sábado e domingo a tarde. Faziam muito barulho na sala da casa dos meus pais. Por decorrência desse barulho, a vizinhança estava em pé de guerra com a banda e com nossa família. Nada de bom dia, boa tarde, boa noite.

 

                 Mas, quer saber? Não estávamos nem aí! Queríamos mesmo tocar Rock, nos divertir, irritar os vizinhos, assustar os caretas e fazer barulho!

 

                    A banda rapidamente chega num outro estágio, com um forte entrosamento e já estava pronta para cair na estrada!

A ESCOLHA DO NOME – A PRIMEIRA APRESENTAÇÃO

 

                    A estréia do MADE IN BRAZIL em shows aconteceu em 1967, três meses depois do primeiro ensaio. A apresentação ocorreu num desfile de modas organizado pelos alunos e professores do Colégio Professora Zuleica de Barros, ali da Pompéia. O convite partiu da Romilha, namorada do Cebolinha na época. Ela pediu para tocarmos no desfile de modas que ela ia desfilar. 

                    O Made foi convidado para participar tocando cinco músicas no final do desfile. Aceitamos a participação mas havia um detalhe importante, a banda ainda não tinha nome, ainda não havia sido balizada.

 

                    O desfile aconteceu no Golden Dragon, um restaurante Chinês que ficava na Praça de Alimentação do mais badalado Shopping de São Paulo, o Iguatemi na Avenida Faria Lima. Aceitamos tocar e depois pensaríamos no nome da banda.

 

                    A ideia do nome surgiu a partir de uma lista elaborada por nós, músicos. Na verdade, não tínhamos ainda pensado em nada e pedi para os músicos pensarem em nomes que depois, na outra semana, faríamos uma votação para escolher. Mas foi complicado, juntando as idéias de todos tínhamos mais de cem nomes. Dos cem, peneiramos e ficaram cinco ou seis. A votação final ficou para o dia seguinte, no domingo, duas semanas antes do show.

 

                    Depois de duas semanas, em um consenso, chegamos em três nomes legais. Os três nomes escolhidos foram: “PINK PIGGS”, “BEAT UP” e “MADE IN BRAZIL”. E não chegávamos a um acordo. Falei, vamos ensaiar e resolvemos quando acabar o ensaio. Minha mãe preparou um lanche e, depois do ensaio, sentamos e batemos o martelo em MADE IN BRAZIL. Foi um nome que pensei e criei.  Era uma espécie de gozação, já que a nossa postura, a imagem e o som do grupo estavam mais para uma banda Européia do que para o país do Samba!

 

                    O MADE se apresentou pela primeira vez com a seguinte formação: Oswaldo - guitarra ritmo, Celso - Guitarra solo e baixo, “Cebolinha” na bateria e Binda - vocal, guitarra solo e baixo.

A 1ª VEZ NA TV

                 Em 1967,  com essa mesma formação, o MADE recebe convite e apresenta-se pela primeira vez em um musical de TV, o programa “Julio Rosemberg”, que ia ao ar nos domingos pela manhã e era transmitido pela extinta TV Tupi (SP) Canal 3. Era um programa musical dedicado ao publico jovem, onde apresentavam-se conjuntos e artistas de Rock da época.

           Depois de alguns shows, Cornélius volta e assume novamente os vocais. O Made passa a atuar com: Oswaldo, Celso, Cebolinha, Binda e Cornélius no vocal principal. Como Binda queria ser o vocalista principal e a banda preferia o Cornélius, ele deixa o grupo. Albert é novamente convidado e volta.

 

            Junto com essas mudanças o MADE resolve inovar.

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1ª Apresentação na TV, Programa Júlio Rosembrg. TV Tupi, 1967

                 O Albert tinha me falado de uma baterista, amigo dele, muito talentoso, e o convidei, para conversar e acertar sua entrada na banda. Esse batera era Nelson Pavão, que aceitou tocar a segunda bateria no Made. Era um excepcional baterista para a época, chegando a inovar o instrumento, introduzindo e desenvolvendo a técnica para tocar com dois bumbos. Sua grande bateria era “monstruosa” e chamava muito a atenção dos fãs. Além dos dois bumbos, ele tocava com quatro ton tons e dois surdos, uma completa novidade para os padrões brasileiros na época. Juntando esse detalhe do instrumento inovador, Nelson usava uma enorme cabeleira estilo “Black Power”, a lá Bob Dylan e Jimi Hendrix e, visualmente, passa ser a atração da banda com sua forte imagem e seus espetaculares e longos solos na bateria.

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Celso, Cornélius, Oswaldo, Nelson e Albert em 1968

7 - 1968 - Foto Made - 1968 NS Show TV.j

                    Após alguns shows, o músico fundador e baterista, Celso “Cebolinha” sai e o Made volta a tocar com apenas uma bateria.

 

                    O ano de 68 passa rapidamente com muitos shows do MADE in brazil para a colônia Americana de São Paulo. Eu trabalhava na Rua Augusta, em uma loja de posters, e lá conheci e fiz amizade com vários garotos americanos que curtiam Rock e começaram a aparecer nos shows do Made. Além disso, esses garotos, esse novo público começa a indicar a banda para tocar nas festas e shows de dois colégios Americanos, o “Chapel School” e o “Graded School”.

 

                    O Made também passa a tocar em festas particulares, nas casas e mansões dos alunos na zona sul. O horizonte da banda se expande, e começamos a tocar em “Vernissages” e shows em Galerias de Arte, Salões de baile, boates e algumas casas noturnas além disso, continuamos a nos apresentar no programa de TV do Julio Rosemberg e fomos contratados para atuar na parte musical de um especial que os diretores Fernando Faro e Goulart de Andrade dirigiram e produziram com Carlos Imperial e o árbitro de futebol Armando Marques. Esse programa foi uma loucura e foi ao ar pela TV Tupi.

               O ano termina com chave ouro com a contratação do MADE In Brazil para uma temporada de quatro fins de semana na Boate BOB´S que ficava no centro da efervescência paulistana, a Rua Augusta, que logo vira o point da galera “Porta de Hospício” da época. Os shows foram prestigiados pela vanguarda paulista e brasileira e era comum ver, entre o público, o pessoal da Tropicália. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa, músicos, atores de teatro, cinema e de TV, poetas, artistas plásticos, jornalistas, escritores e outros notáveis, se esbaldando e dançando ao som do MADE.

             O MADE passa a se espelhar nos Rolling Stones, do mesmo modo que o visual e as atitudes de Jagger & Richards e asseclas que chocava o mundo. O MADE abusava para os padrões ainda mais conservadores do Brasil que estava mergulhado em uma ditadura militar de direita.

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Celso, Oswaldo e Nelson na Boate BOB's

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Albert, Cornélius, Oswaldo Vecchione, Nelson Pavão e Celso Vecchione. Boate BOB's, 1968.

                   Os cabelos já estavam mais longos nessa época. Os topetes a lá Elvis e as franjinhas a lá Beatles já tinha ficado no passado. Os cabelos já passavam dos ombros, as jaquetas de couro estavam sendo deixadas de lado e as roupas agora eram mais coloridas e pra lá de extravagantes. O Made in Brazil adota uma postura e comportamento mais agressivo, rebelde e provocante dentro e fora do palco. Nos shows, nos programas de TV, nós, músicos, completávamos o deboche com uma maquilagem circense. Era um visual chocante e moderno. As garotas começam a nos achar sexy. A festa estava apenas começando.

 

                   O Made in Brazil inova e toca pela primeira vez, em 1968, com pintura nos rostos, mãos e corpos dos músicos. Isso aconteceu no show de aniversário da Radio Cacique AM, de São Caetano do Sul, no ABC paulista. Nesse show, o MADE deixa mais de 10.000 pessoas, dentro do Ginásio Municipal Lauro Gomes, com a boca literalmente aberta quando detona um Rock pulsante, com uma forte marcação. Acompanhados por um “happining” que o pintor e artista plástico Antônio Peticov preparou, pintando o rosto, as mãos e os corpos dos músicos com tinta acrílica fosforescente e, num blackout total no ginásio, acendeu algumas luzes negras que haviam sido trazidas de São Francisco - USA.

 

                  Imagina o susto e o espanto de quem nunca tinha visto luz negra, nem as cores da tinta fosforescente, nem a reação da luz negra nos dentes e nas roupas brancas e claras. Essa apresentação foi uma verdadeira loucura, quase provocando medo e histeria entre a multidão presente.

 

                  Peticov passa a apadrinhar e a convidar o MADE IN BRAZIL para participar de vários shows que produziu, como os Festivais de Rock no Auditório do Jornal Folha de São Paulo, no Vernissage da exposição do pintor Rubens Gerchen na Galeria Art Art, na inauguração da Butique Poster Shopping (Rua Augusta), no Teatro do Colégio Coração de Jesus, entre outros.

 

                   Ainda em 1968, o Made in Brazil, se apresenta pela primeira vez fora da capital de São Paulo, viajando e tocando por duas vezes no Clube da Orla, no Guarujá, cidade do litoral norte do estado de São Paulo. Os dois shows foram negociados pelo apresentador e produtor Julio Rosemberg, que gostava muito da nossa banda que, além de nos colocar no seu programa de TV, começou a vender e agendar shows para o Made in Brazil.   

ANOS 70 – OS DISCOS E O DESCOBRIMENTO DO BRASIL                        

 

                 Em 1970, mais mudanças, Nelson Pavão deixa a banda e o MADE passa novamente a atuar com dois bateristas. Entram na banda os bateristas Franklin Paolillo e Ricardo Fenili e o tecladista Onisvaldo Scavazzini .

 

             Em 1971 e 72, o Made in Brazil, com seu visual potente, é contratado para várias campanhas publicitárias entre elas, a do lançamento do drops “Halls Mentholyptus”, da Revista Isto É, campanha de lançamento da revista Pop, que era direcionada ao público jovem e outros. Ao longo da carreira, o Made fez outros anúncios e campanhas publicitárias como: o anúncio de TV da Bom Bril, Jeans Ellus, Jeans Luroy entre outras. Também viramos “endorcer” de instrumentos musicais e de várias marcas de equipamentos de áudio, como a fábrica Gianninni, Snake, Palmer, Dynavox, Falantes Stilus, e muitas outras. Individualmente, Oswaldo e Celso também fizeram e participaram de vários anúncios e campanhas publicitárias para Rhodia, Revista Veja, Brinquedos Estrela entre outros.  

 

                  Em 25 janeiro de 72 o MADE in brazil é convidado para tocar no grande de Show da Festa de Aniversário da cidade de São Paulo no Parque Ibirapuera juntamente com “OS MUTANTES” e outras bandas da época.

 

                O convite para tocar na Festa do Aniversário da cidade de São Paulo repete-se no ano seguinte. No dia 25 de janeiro de 73, o MADE IN BRAZIL participa novamente, no Parque do Ibirapuera, de um grande evento da Secretaria de Cultura de SP. Nesse dia acontece outro fato marcante e inovador na carreira da banda. Durante o show, na execução da música “Sympathy for the Devil” dos Rolling Stones, a banda convidou e coloca em cima do palco uma ala de doze ritmista da Escola de Samba Mocidade Alegre da Casa Verde. Nos 20 minutos que durou a música, a fusão “Rock & Samba” do MADE com certeza chegou muito perto da ideia original dos Stones quando da criação e gravação da música.

 

                   O sucesso é imediato e o público não deixa o Made sair do palco. Quando acaba o show, o Made, é obrigado a repetir a versão de “Sympathy for the Devil”. Demais!

 

                   Nessa época a figura carismática e andrógina de Cornelius passa a ser o grande destaque da banda. Ele logo faz escola no meio do Rock e passa a ter um grande número de imitadores pelo Brasil.

 

                  Rolam muitos shows importantes nos teatros de São Paulo como, por exemplo, Teatro Aquários, Teatro Oficina,Teatro do MASP, Teatro da FAAP, Teatro Vereda, Auditoria da GV, etc. A banda descobre um novo filão para as suas apresentações, os Salões dos Clubes da capital, onde passa a atuar com muita freqüência. Só na S.E.Palmeiras, na Pompéia, fez mais de vinte apresentações nas domingueiras daquele ano.

 

               Já pensando num primeiro disco, eu comecei a compor. Algumas músicas fiz sozinho enquanto, em outras, tive a ajuda e a parceria do meu irmão Celso e o guitarrista Lely. Logo temos um repertório próprio com muitos Rocks, Baladas e Blues. Todas as músicas com letras em português e essas músicas passaram a ser executadas nos shows juntamente com os covers e clássicos internacionais que a banda vinha apresentando desde o seu início.                                                                                                                                                                           

             Em 73, Albert, que estava como baixista desde o início, sai da banda e eu, atendendo os pedidos do irmão Celso, troco de instrumento. Deixo a guitarra e passo a tocar contrabaixo. Para a segunda guitarra, convidamos outro músico da Pompéia, o cantor e guitarrista Wesley “Lely” Noronha. Nesse ano o MADE é contratado como atração fixa do programa da TV Record – SP, “Papo Pop”, apresentado pelo DJ carioca e grande divulgador do Rock no Brasil, o saudoso BIG BOY. Durante os meses em que esteve no ar, o programa serviu de vitrine para o Made in Brazil e para as bandas e cantores de Rock daquela época. A curiosidade é que, em todos os programas, os músicos do MADE apresentavam-se maquiados, como faziam desde o ano de 68.  Aliás, a maquiagem circense criada e introduzida no Rock Brazuca pelo MADE, era uma criação coletiva da banda com a ajuda do amigo, artista plástico e fotógrafo Hugo.

 

                 Posteriormente ao Made in Brazil, foi recriada pelos músicos do conjunto “Secos & Molhados” e anos depois pelo grupo norte americano “KISS”. No caso do KISS, o guitarrista Paul Stanley usou uma das maquilagens que o Hugo criou para meu uso, o rosto pintado de branco com uma estrela roxa em um dos olhos. Paul (ou seu produtor) apenas trocou a cor da estrela de roxo para preto.

 

                   Uma outra ideia do Made, por coincidência, também foi usada pelo Kiss. Colocar no palco a bateria e o baterista em cima de um tanque de guerra. O Made teve essa ideia em 1977 quando usou o Tanque (cenográfico) no cenário dos shows e da Tour Massacre. O Kiss usou a mesma ideia, anos depois em, 1984. Em 1977, o MADE in brazil correu o Brasil com o Tanque de Guerra em pleno Regime Militar que governava com mão de ferro o Brasil.

Continua...

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